Graduando
Em O diabo e a terra de Santa Cruz: Feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colônia, a historiadora Laura de Mello e Souza debate em cima da religiosidade presente na colônia e explica as particularidades dessas manifestações religiosas a partir do pensamento europeu medieval e da justificativa destes para a descoberta do Novo Mundo, a idéia da existência de outros seres humanos vivendo nessas terras e a superstição criada em cima do novo continente a partir do cristianismo católico e a justificativa dos seguidores dessa religião para a estrutura social da colônia, suas injustiças e miscigenação, além da exploração praticada pelos clérigos e a questão da catequização dos índios. Por fim a autora vai apresentar no segundo capitulo do livro o sincretismo religioso causado pela presença de diversos credos e os casos de revoltas e heresias e os respectivos tratamentos e punições pelo Tribunal da Inquisição.
O objetivo do livro é tratar sobre a questão da religiosidade na América Portuguesa e sua dualidade na mente europeia, ora paraíso, ora inferno. A analogia principal se dá ao passo em que a autora apresenta a colônia sobre a ótica indígena, branca e negra e afirma que ela seria comparada a o purgatório para os portugueses e o inferno para os negros, como a autora mesmo diz: “Paraíso Terrestre pela natureza, inferno pela humanidade peculiar que abrigava, o Brasil era purgatório pela sua relação com a metrópole.” (SOUZA, 1986, pág 84). Utilizando de textos do Frei Jaboatão e do padre Simão de Vasconcelos, a historiadora apresenta a comparação que estes fazem do Brasil com o dito Paraíso Terrestre e discussões opostas de Buffon que tinham por efeito apresentar todo o lado negativo da vida e natureza da colônia. Relatos do missionário calvinista Jean de Lévy e o padre francês André Thevet sobre a natureza luxuriosa e as praticas canibais dos indígenas fazem também