Glosadores

Contexto Histórico
A Europa na Idade Media passava por período de pluralidade jurídica, em que a origem da pessoa determinava o estatuto jurídico que a ela seria aplicado: o direito romano vulgar, aplicado aos latinos, o direito germânico, que era formado por vários direitos de suas várias tribos germânicas, os direitos das cidades, feudais, consuetudinários, entre outros. (GUSMÃO, 2008).
No século XI, descobriu-se na Itália um manuscrito de parte do corpus juris civilis, o Digesto, que havia sido ignorado por muitos séculos, após a queda do império romano do ocidente. A partir de então, os juristas começaram a estudar os antigos textos legais romanos e a ensiná-los. Esta descoberta foi de extrema importância para a organização da vida social e jurídica da Europa medieval, de forma mais estável.
O centro destes esforços era a cidade de Bolonha, cuja faculdade de Direito veio a se tornar uma das primeiras universidades da Europa. Desta forma, o Direito Romano, ou pelo menos algumas de suas regras, foi aos poucos reintroduzido na prática jurídica.

A Ciência do Direito e a Religião
Atribui-se à escola dos Glosadores o surgimento do estudo específico do Direito, fenômeno ocorrido entre os séculos XI e XII da Idade Média, e que levou ao surgimento da primeira Universidade, a de Bolonha, na Itália. Segundo Massaú (2006), “...na época da criação da Universidade de Bolonha a religião não se encontrava longe da racionalidade dos estudantes e nem mesmo do conhecimento do Direito, ela tinha presença marcante nos quadros mentais de entendimento das circunstâncias sociais, principalmente no condizente à esfera jurídica”.
Para o autor, havia uma outra característica que justificava o forte vínculo do Direito com a Religião, que era a exclusividade do estudo do Direito e o exercício de determinadas profissões por integrantes do clero. As escolas da Igreja Católica assumiram uma posição de vanguarda na educação e instrução, havendo desta forma, o surgimento da visão