Ginastica laboral
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A circulação extracorpórea, em virtude da sua complexidade, da multiplicidade de componentes mecânicos e das suas interações com o sangue é capaz de produzir uma grande variedade de alterações no organismo humano. Essas alterações, conforme as circunstâncias em que ocorrem, podem ser classificadas como acidentes ou como complicações. Acidentes e complicações, algumas vezes são nitidamente distintos. Outras vezes, entretanto, a distinção entre ambos não é tão clara. Acidentes e complicações podem cursar intimamente relacionados e, não raramente, um acidente é precursor de uma complicação. A complicação traz consigo a característica da imprevisibilidade, do mesmo modo que o acidente. Entretanto, poucas vezes ela surge subitamente, sem sinais indicativos da sua iminente ocorrência. Esse curso é mais característico dos acidentes. Um acidente é um acontecimento casual, fortuito e inesperado, enquanto uma complicação pode ser conceituada como um acontecimento ou processo patológico que ocorre durante a evolução de uma doença ou de uma terapia, ligado ou não a ela e capaz de agravar a evolução clínica e, em consequência, o prognóstico do paciente. No presente capítulo, vamos tratar das
complicações que mais frequentemente ocorrem nos pacientes submetidos à circulação extracorpórea, independente da sua relação com eventuais acidentes. Um bom exemplo é o caso das embolias aéreas. Vamos examinar as possíveis causas e consequências das complicações e descrever, quando possível, o modo pelo qual elas podem ser minimizadas, tratadas ou, de preferência, eliminadas. Apesar das diferenças determinadas pelos grupos etários e pela grande variedade das patologias existentes, as complicações habitualmente produzem grandes desvios da fisiologia, seja logo após a saída de perfusão ou nas primeiras horas de pósoperatório. Independente da natureza ou da severidade das complicações, o principal objetivo da equipe é restaurar o equilíbrio