gestãopublica
Henry Mintzberg
Imagine alguém planejando uma estratégia. O que provavelmente vem à mente é a imagem de um pensamento bem organizado: um gerente sênior, ou um grupo deles, sentado em um escritório formulando cursos de ação que qualquer um seria capaz de implementar conforme o programado. A base de tudo é a razão – controle racional, análise sistemática de concorrentes e mercados, dos pontos fortes e fracos da empresa e a combinação dessas análises produzindo estratégias claras, explícitas e completas.
Agora, imagine alguém criando artesanalmente urna estratégia. Surge uma imagem completamente diferente, tão distinta de planejamento quanto artesanato difere de mecanização. Uma arte requer as qualidades tradicionais de habilidade, dedicação e perfeição, que se manifestam no domínio de detalhes. O que vem à mente não é tanto pensamento e razão quanto envolvimento, sentimento de intimidade e harmonia com os materiais manipulados, desenvolvidos em função de longa experiência e comprometimento. Os processos de formulação e implementação transformam-se em um processo contínuo de aprendizagem através do qual surgem estratégias criativas.
Minha tese é simples: a imagem de uma criação artesanal é a que melhor representa o processo de elaboração de uma estratégia eficaz. A imagem de planejamento, há muito tempo difundida na literatura pertinente, distorce esse processo e, por isso, orienta inadequadamente as organizações que a adotam sem restrições.
No desenvolvimento dessa tese, devo tomar como base as experiências de um único artífice, no caso, uma escultora, e compará-las com os resultados de um projeto de pesquisa que acompanhou as estratégias de várias corporações durante muitas décadas. Pelo fato de os dois contextos serem obviamente diferentes, minha metáfora, assim como minha afirmativa, podem parecer exageradas à primeira vista.
Contudo, se pensarmos em um artífice como uma organização de um só indivíduo,