Gestão democrática e participativa: um caminho para cidades socialmente justas?
João Sette Withaker Ferreira
Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela USP(1990) e em Economia pela PUC -SP (1993), Mestre em Ciência Política pela USP (1998) e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela USP(2003). Prêmio de melhor tese de Doutorado pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional (ANPUR - 2005).
• Atua nos seguintes temas: políticas habitacionais, habitação social, desenvolvimento ambiental urbano, instrumentos urbanísticos e estatuto da cidade, economia urbana e mercado imobiliário, globalização e cidades-globais.
• Autor do livro "O mito da cidade-global: o papel da ideologia na produção do espaço urbano" (Vozes, 2007)
1. Ascensão dos partidos de esquerda e a gestão democrática da cidade 2. as grandes metrópoles brasileiras têm em média cerca de 20% de sua população morando em favelas (chegando a 40% em Recife), e cerca de 50% excluída do chamado mercado formal.
3. Falta de saneamento básico, transporte publico deficitário, irregularidade fundiária na cidade.
Os orçamentos participativos ou o Estatuto da Cidade, não deveria ter surtido um efeito suficiente para que os índices gerais da situação urbana brasileira começassem a mostrar uma inflexão positiva? Para que a sensação de insegurança urbana tivesse diminuído? Para que a legião de sem-tetos se reduzisse, baixando o déficit de cerca de 5 milhões de moradias? A RESPOSTA É SIM E NÃO.
1. “Sim" porque indubitavelmente as experiências localizadas de gestões de esquerda mais duradouras, como em Porto Alegre ou Belém, estão produzindo uma melhoria da qualidade de vida urbana e dos índices de exclusão;
2. E "não" porque os obstáculos que ainda existem são
gigantescos, e todos os esforços feitos remam isoladamente contra uma violenta maré contrária;
3. [...] O drama brasileiro não data de ontem. [...] As cidades
refletem e reproduzem as dinâmicas sociais