Gestao
Kátia de Marco
UMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA
O Século XXI será da cultura e da espiritualidade ou não será. André Malraux Há certa nebulosidade na semântica do termo “contemporâneo”. Além de remeter a algo hodierno, também se refere a uma vivência compartilhada em uma época determinada; e ainda nomina a era histórica na qual vivemos, a chamada contemporaneidade – recorrente no meio acadêmico como pós-modernidade –, que um dia não mais será contemporânea. Para acessarmos o tema, vale desviar o olhar para uma breve contextualização acerca de alguns delineamentos históricos que definem o escopo do pós-modernismo como pano de fundo conceitual. Este engendra luz ao entendimento das especificidades de funções e da dinâmica múltipla dos espaços de cultura nos moldes atuais. Alinharemos a ideia do espaço de cultura com o conceito de museu integral 1 e de sua função social, desembocando no universo dos centros culturais, que atendem à eloquência díspar das demandas diversas nas sociedades pós-modernas.
A passagem da era moderna para a contemporaneidade, ou pós-modernidade, vem sendo investigada de modo recorrente na produção acadêmica. A Condição Pós-Moderna (1979), obra antológica de Jean-François Lyotard, configurou-se como um dos primeiros ensaios filosóficos sobre a questão e o primeiro estudo que tratou a pós-modernidade como uma
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Quando mencionamos o enfoque de uma abordagem contemporânea para tratarmos da funcionalidade de espaços culturais nos dias de hoje, propomos um recorte incisivo nos contextos tradicionais de museus, bibliotecas e universidades enquanto modelos institucionais renascentistas, florescidos na concepção iluminista. Falamos em deixar de lado a visão sacralizada dos espaços guardadores de tesouros e memórias, templos elitistas da alta arte circunscritos ao pensamento erudito (Harvey 1992:8; Huyssen 1997:11) e à austeridade clériga e monárquica. Deslocamos o foco para as recentes “mecas de cultura”, que aliam