Geografia
2A discussão a seguir é mais um adendo a essa polêmica. Nosso ponto de vista é de que a acumulação primitiva historicamente não desapareceu, sendo, inclusive, um importante componente da sociedade contemporânea. Tanto a acumulação primitiva como a reprodução do capital constituem, portanto, processos imanentes à sociedade contemporânea. Nesse sentido, questionamos a interpretação na qual se formula uma visão linear do tempo, em que se desenvolve primeiro a chamada acumulação primitiva do capital que ocorreria apenas antes da reprodução capitalista. Bem como a interpretação que coloca em dúvida a compreensão de que há uma sucessão progressiva no tempo, que ao afirmar a segunda – a reprodução do capital - faz desaparecer a primeira, que historicamente lhe deu origem. Tomando-se os dias atuais, o que se vê é o contrário. Observamos um recrudescimento da acumulação primitiva, considerada, conforme veremos, como um processo primitivo no sentido de contraposto a moderno. Na contemporaneidade se desenvolvem processos capitalistas de acumulação primitiva e de reprodução do capital que coexistem historicamente e se complementam de forma contraditória e dialética. Surpreendentemente, cresce a importância da acumulação primitiva que muitos supunham ser historicamente superada pelo avanço da reprodução do capital.
3Essa afirmação, de que acumulação primitiva historicamente não desapareceu, requer, a princípio, a distinção entre acumulação primitiva do capital e reprodução do capital.
4Fundamentalmente, o processo de acumulação primitiva está relacionado à