Gastronomia
Curso Superior de Tecnologia em Gastronomia
COZINHA BRASILEIRA (NORTE, NORDESTE) 5º Período
Prof. Fernando Sabino
Alimentação básica nacional
Além da cozinha regional, marcante e característica das diversas regiões em que se convencionou dividir o Brasil, há uma alimentação básica nacional, que faz parte de toda a culinária brasileira. Alguns desses alimentos, hoje habituais na nossa mesa, há muitos e muitos anos já faziam parte da gastronomia americana que recebeu os marinheiros cabralinos. Os outros, trazidos dos lugares mais distantes do mundo pelos colonizadores, foram aderindo aos nossos hábitos, cobrindo a nossa gastronomia como se fossem camadas arqueológicas que, se cuidadosamente raspadas, poderão um dia descobrir a nossa longínqua origem alimentar.
A MANDIOCA
“Diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os achavam; e que lhes davam de comer aquela vianda, que eles tinham, a saber, muito inhame e outras sementes, que na terra há e eles comem”. Com esse equívoco, confundindo inhame, de origem asiática e já conhecido pelos portugueses nas costas da África, com a nativa mandioca, Caminha citava em sua famosa Carta, a raiz que até hoje alimenta a nação de norte a sul. Uma outra narrativa, a chamada Relação do piloto anônimo, escrita por um marinheiro que viajava na frota cabralina, repete a confusão: “[...] uma raiz chamada inhame, que é o pão que ali usam [...]”. Durante os anos seguintes ao descobrimento, essa confusão foi sendo desfeita nos relatos portugueses. Pêro de Magalhães Gândavo, em sua História da província de Santa Cruz, de 1576, já se utilizava do vocábulo mandioca e, para melhor entendimento, assinala a semelhança da raiz com os inhames de São Tomé, conhecidos na Europa. Essa confusão, porém, ainda herdamos nós. Em pleno século XXI ainda não se sabe bem, entre muitos brasileiros das cidades, o que vem a ser exatamente mandioca, cará, inhame