Função do mito
Sua função é acomodar e tranqüilizar o homem em um mundo assustador. Os primeiros modelos de construção do real são de natureza sobrenatural, o homem recorre aos deuses para apaziguar sua aflição, ou seja, a relação entre o homem e o divino. O mito se manifesta na preocupação com a origem divina, na natureza divina dos instrumentos, na origem da cultura, na origen dos males, na fertilidade das mulheres, no caráter mágico das danças e desenhos. Isso significa que no mundo primitivo tudo é sagrado e nada é natural. O homem imita os gestos exemplares dos deuses, repetindo nos ritos as ações deles. Nos rituais não se limitam a apresentar ou imitar a vida, os efeitos e as aventuras dos ancestrais, tudo se passa como se estes aparecessem nas cerimônias. A forma sobrenatural de descrever a realidade é coerente com a maneira mágica pela qual o homem age sobre o mundo. Sem os ritos, é como se os fatos naturais não pudessem se concretizar de fato. Quando uma criança acaba de nascer, só dispõe de uma existência física, não é ainda reconhecida pela família nem recebida pela comunidade. São ritos efetuados imediatamente após o parto que confere ao recém-nascido o estatuto de vivo. No que diz respeito à morte, os ritos são mais complexos, trata não somente de um “fenômeno natural” a vida ou alma abadonando o corpo, mas de uma mudança de regime ao mesmo tempo ontológico e social. O defunto deve afrontar certas provas que interessam seu próprio destino, ser reconhecido pela comunidade dos mortos e aceito entre eles. Como todo real é interpretado por meio do mito, e sendo a conciência mítica uma consciência comunitária, o homem desempenha papéis que distanciam da percepção de si como sujeito propriamente dito. Isso não quer dizer que não haja nenhum princípio de individuação, mas que o equilibrio individual é feito de maneira diferente. A dimensão pessoal se acha submetida ao coletivo, determinando a adaptação sem