Funk carioca
Faz calor. Estamos sentados à frente da nossa casa bebendo capirinhas com amigos. Os cheiros das latrinas e dos churrascos nas lajes se misturam com o som dos baixos pesados da música do funk no ar úmido. Às duas horas da manhã, nos juntamos à multidão de jovens que está descendo o morro em direção à música. Na entrada do baile temos que nos separar em duas filas, uma para os homens e outra para as mulheres. Pagamos dez reais e a segurança nos revista. Depois, as filas se enlaçam para a caminhada escadaria a baixo, em direção a uma porta grande, através da qual sopra um vento forte, criado pelos enormes ventiladores de teto do armazém reformado em salão: estamos no Emoções.
Esta é a lembrança que carinhosamente guardo do início das noites do baile funk da Rocinha, para o qual centenas de pessoas poupam dinheiro e aguardam com expectativa durante toda a semana. Durante minha estada no Rio, morando e trabalhando como voluntária na comunidade, fui a muitos bailes funk, e quando, nostalgicamente, recobro a experiência incrível que lá vivi, a primeira coisa que me invade o espírito são os sons graves da cadência do funk.
Além do futebol, o Brasil é internacionalmente conhecido pela sua diversidade cultural, e alguns de seus inestimáveis bens são a sua música e as suas danças. O país ostenta uma incrível variedade musical que abrange desde a alegria do samba até a toada romântica do forró. Embora outros países tenham ‘perdido’ o contato com as suas tradições ao longo dos anos, o Brasil as celebram como parte integrante do cenário cultural nacional, e descortina em fevereiro a maior festa popular do mundo, dominada pelos ritmos do samba, que muitos afirmam ser a marca do país.
Atualmente o funk é um dos estilos musicais mais executados pelo Brasil. No Rio, cerca de cem mil pessoas frequentam os 300 bailes funk da