Legimitidade da obra de arte em Bourdieu, o exemplo do funk carioca.

I – Funk é arte?
A partir da discussão feita ao longo do curso acerca de sobre o que é arte, cheguei a conclusão de ser a arte uma categoria abstrata, e essa idéia é principalmente fundamentada nas leituras de Bourdieu presentes no curso. Tomei o funk carioca como exemplo, pois no atual momento, a meu ver, tem sido uma das expressões artísticas mais criticadas e ao mesmo tempo consumidas nos últimos tempos, e não só no rio de janeiro. Especifico o funk carioca, pois existem muitas derivações do estilo, que não são alvo de críticas tão duras.
A máxima que abre a discussão é o questionamento do funk carioca ser ou não música, questionamento esse feito a partir de categorias criadas por uma elite que compartilha o Habitus do meio musical, existem muitas definições, mas uma definição clássica a qual muitos recorrem para desclassificar ou classificar muitas músicas, é a que diz que obrigatoriamente se deve haver ritmo, melodia e harmonia, e muitos ataques são feitos não só ao funk carioca, mas a vários estilos que não se enquadram nesse conjunto construído a partir de regras baseadas na história e nas condições de consolidação desta elite musical. Ora, essa é uma prática muito discutida e usada, como vemos em Bourdieu :
“Desta forma, as categorias utilizadas para perceber e apreciar a obra de arte estão duplamente ligadas ao contexto histórico: associadas a um universo social situado e datado, elas são objeto de usos também eles marcados socialmente pela posição social dos utilizadores que envolvem, nas opções estéticas por elas permitidas, as atitudes constitutivas do seu habitus” ( pág 292)
Simplificando o meu entendimento, essa é a artimanha de reduzir as possibilidades de qualquer um conseguir produzir determinado tipo de arte, através de regras criadas por pessoas autorizadas, pessoas que tem um status, pessoas que querem manter o seu status, e acima de tudo pessoas que movimentam o mercado em torno dessa arte, e para definir são usados elementos tradicionais