Freudo-marxismo
No século XIX, o otimismo filosófico levava a filosofia a afirmar que, enfim, os seres humanos haviam suplantado a superstição, as explicações mágicas e fantásticas da realidade e alcançado a maioridade racional. Acredita também que a razão se desenvolvia plenamente para que o conhecimento completo da realidade e das ações humanas fosse atingido.
No entanto, Marx (1818-1883) e Freud (1856-1939) puseram em questão esse otimismo racionalista. Marx e Freud, cada qual em seu campo de investigação e cada qual voltado para diferentes aspectos da ação humana – Marx, voltado para a economia e a política; Freud, voltado para as perturbações e os sofrimentos psíquicos –, fizeram descobertas que, até hoje, continuam impondo questões filosóficas. Que descobriram eles?
Marx descobriu que temos a ilusão de estar pensando com nossa própria cabeça e agindo por nossa própria vontade de maneira racional e livre, de acordo com nosso entendimento e nossa liberdade, porque desconhecemos as condições econômicas e sociais nas quais a classe social que domina a sociedade exerce seu poder sobre as mentes de todos, fazendo com que suas idéias pareçam ser verdadeiras e universais, válidas para todas as classes sociais. Esse poder social invisível que nos força a pensar como pensamos e agir como agimos foi chamado por ele de ideologia.
Freud, por sua vez, mostrou que os seres humanos têm a ilusão de que tudo quanto pensam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o pleno controle de nossa consciência porque desconhecemos a existência de uma força invisível, de um poder – que é psíquico e social – que atua sobre nossa consciência sem que ela o saiba. A esse poder que domina e controla invisível e profundamente nossa vida consciente ele deu o nome de inconsciente.
Em descrever seus conceitos sobre a psicanálise, Freud afirma o ser humano foi ferido TRÊS ao longo da modernidade, feridas que atingiram nosso narcisismo, a bela imagem que temos