Freud x marx
Introdução
O objetivo desse trabalho é investigar como foi possível, num determinado período da história, pensar na aproximação teórica entre duas vertentes distintas de pensamento: a psicanálise e o marxismo.
Pensar na articulação entre esses dois saberes é, em última análise, aceitar a concepção de que instrínseca aos problemas políticos se encontra a natureza do homem. Os Estados se compõem das naturezas humanas que neles existem, ou seja, o Estado é o que é porque os seus cidadãos são o que são.(2)
O problema político aparece, então, como resultante do problema psicológico. Podemos tomar como exemplo disso as teses contratualistas e suas investigações acerca da natureza, objetivos e finalidades do contrato. Se o contrato tem como função garantir a vida (Hobbes) ou a propriedade (Locke), fica implícito, dessa forma, que a solução política tenha como objetivo principal dar conta do problema da natureza humana: ?de modo que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia. Primeiro a competição, segundo a desconfiança, e terceiro a glória (3).
Dentro desta visão o Estado surge como poder comum capaz de manter todos em respeito. O entrecruzamento entre poder político e natureza humana delimita um vasto campo de investigação. Dentro das inúmeras possibilidades passíveis de serem exploradas mediante esta articulação, privilegiaremos a corrente chamada freudo-marxista, ou seja, o modo pelo qual se pôde pensar num denominador comum entre as idéias de Freud e as concepções de Marx. No entanto, não se trata aqui de uma defesa do freudo-marximso, o objetivo principal não é comprovar uma hipótese, mas localizar, destrinchar um problema para que, posteriormente, se tenha dados suficientemente seguros para uma análise calcada no rigor crítico. Para tal, vale apenas situar historicamente os textos e os autores ligados a esta concepção teórica.
O pensamento freudo-marxista encontra seu principal