Freud o criador da psicanálise

16798 palavras 68 páginas
Breve introdução
A vida de Sigmund Freud foi um evento que marcou a história da humanidade. Ele descobriu que o homem é regido por forças que escapam à consciência, algo de que o ser humano tanto se gaba para diferenciar seu gênero de todas as espécies animais e que, no entanto, é apenas a ponta de um imenso iceberg chamado inconsciente. Assim como
Copérnico demonstrou que a Terra não é o centro do universo e Darwin retirou o homem do centro da criação, Freud descentrou a razão: o inconsciente é a Outra Cena que revela que o ser humano não possui domínio de si mesmo. A existência de um pensamento inconsciente, operando continuamente, redimensiona de modo radical o cogito cartesiano: como sustentar que “penso, logo sou”, se há algo que pensa em mim e, mais do que isso, trama à minha revelia? Logo, eu não penso, e sim “sou pensado”...
O inconsciente apresenta uma realidade sexual, e a sexualidade, que desde
Aristóteles pertencia ao campo da bestialidade, se tornou a partir de Freud não só a pedra angular da constituição da subjetividade, mas também da cultura. Todas as criações humanas, sem exceção — os esportes, as artes, as ciências etc. —, estão ancoradas num desejo sexual indestrutível que constitui o núcleo do inconsciente.
A Viena de Freud
Tentamos nos aproximar do passado através dos escritos, monumentos e obras que não foram destruídos pela ação do homem ou da natureza. Nas páginas dos livros, tal como em palimpsestos, descobrimos, atrás das letras, manchas de sangue que revelam a crueldade que acompanha a história da humanidade. Freud, que sempre insistiu na procura da verdade — posicionamento ético tanto em sua vida pessoal como no tratamento de seus pacientes —, não se iludia em relação às máximas de paz e de fim da violência entre os homens.
Embora às vezes tenha sido considerado um pessimista, Freud era de fato um homem que não se deixava levar pelas ilusões: em setembro de 1932, ao responder à carta que
Einstein lhe escrevera

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