Freud e avatar
Aluno: Fernando Vinicius Chafim Bernardo;
“O que o cinema mostra não é somente um outro mundo, o do sonho e do irreal, mas nosso mundo mesmo transformado num misto de real e imagem-cinema, um real fora-do-cinema submetido ao molde do imaginário-cinema. Ele produz sonho e realidade, uma realidade remodelada pelo espírito cinema, mas de maneira nenhuma irreal. Se permite a evasão, ela também convida a refazer os contornos do mundo. Oferece uma visão de mundo: o que chamamos de cinevisão” (LIPOVETSKY, Gilles e SERROY, Jean. A Tela Global. 2009, p. 304).
Dentre as mercadorias culturais vendidas no ano de 2010, Avatar representa a maior delas no campo cinematográfico. Seu faturamento é de longe o maior do ano, mesmo não sendo o maior ganhador do prêmio Oscar. James Cameron profundo conhecedor da indústria cultural conseguiu mostrar o essencial para o senso comum, isto é, a diferença. Sua ficção é notoriamente uma demonstração do desenvolvimento tecnológico no cinema. Mas o interessante para este trabalho será a teoria contida no filme, que tenta através de seu arcabouço imaginário capturar, criticar a sociedade atual em que vivemos e, consequentemente, propor uma transformação a partir de seu exame. Ambas fundadas sobre uma concepção da ordem natural e simbólica. O filme Avatar pretende implicitamente mostrar que a civilização vive uma vida desvairada. E através da sociedade dos Navis aspira estabelecer um modo de vida exemplar no qual os sintomas estariam superados, tanto que o personagem principal do filme, Jake afirma “não há nada que a gente tenha, que eles [Navis] queiram”. Além disso, nota-se que não existem problemas nos Navis, eles são felizes, entronizados à floresta e aos seres viventes. Ou seja, ao retornar à floresta, o filme diz que se encontra a felicidade. Esta teoria, portanto, impregna um argumento obviamente ecológico. A parte explícita do filme é um combate ideológico e maniqueísta entre os