Fraudes corporativos
Nos últimos anos, escândalos envolvendo fraudes corporativas ganharam manchetes na mídia. Casos traumáticos, tais como Enron, Global Crossing e Bernard L. Madoff, nos Estados Unidos, e Banco Santos, Boi Gordo e Daslu, no Brasil, foram analisados e debatidos. Uma busca no Google, realizada em março de 2012, com o termo fraude corporativa, retornou mais de um milhão de entradas, atestando a "popularidade" do tema.
Fraudes corporativas podem gerar prejuízos bilionários para investidores, clientes e fornecedores. Em muitos casos, levam as empresas ao desaparecimento, ceifando empregos e gerando impactos negativos sobre a comunidade. Além disso, podem abalar a confiança de clientes, acionistas e investidores em determinadas indústrias e instituições, com resultados desfavoráveis para a sociedade. Finalmente, as fraudes têm levado a um aumento do nível de controle sobre as operações, com consequências negativas sobre os custos e, por decorrência, sobre a competitividade das empresas e de setores inteiros.
A magnitude e importância do fenômeno levaram diversos pesquisadores a investigá-lo, buscando explicações para as suas causas e os seus condicionantes (e.g, BAUCUS, 1994; MACLEAN, 2008). Como o tema tem natureza complexa, envolvendo aspectos financeiros, institucionais, culturais e comportamentais, diversas áreas - tais como: Finanças, Contabilidade, Direito e Estudos Organizacionais - passaram a pesquisá-lo, cada uma a partir de sua ótica. Com isso, foi produzida uma literatura heterogênea, com diferentes perspectivas e níveis de análise.
No campo de Estudos Organizacionais, os estudos produzidos sobre o tema têm procurado responder a questões relacionadas a "quando a fraude ocorre" e "por que a fraude ocorre" (e.g, HILL e outros, 1992; SCHNATTERLY, 2003). Entretanto, conforme apontado por Ashforth e outros (2008), parecem faltar estudos que tratem de "como a fraude ocorre".
De fato, para compreender como a fraude ocorre é preciso percebê-la como um