Filosofia na Educação
No passado as filosofias foram formuladas em sistemas, já a educação, como processo de perpetuação da cultura, nada mais era do que meio de se transmitir a visão do mundo e do homem, que a respectiva sociedade honrasse e cultivasse. Os primeiros filósofos são também os primeiros mestres, procurando reformular os valores da sociedade e, na realidade, reformar a educação corrente.
O traço distintivo da antiga civilização, na frase de André Siegfried, desde então consistiu no "hábito de tratar os problemas à luz da razão, liberta do mágico, do supersticioso e do irracional".
Daí por diante, a mentalidade ocidental não mais se afastou dessa tradição, buscando subordinar a própria religião à razão e, na realidade, toda a vida humana é um esquema coerente de ideias, compreendendo teorias do homem, do conhecimento, da sociedade e do mundo. Ao investirem contra os costumes e as práticas correntes, tão hirtos e mortos, que pareciam decorrer da adaptação cega do homem aos seus rudes apetites e necessidades, criaram virtualmente a sociedade dinâmica que se iria fundar na mudança e no cultivo da mudança.
Capacidade especulativa, decorrente do desenvolvimento da língua e da simbolização geométrica, aliada ao secularismo da civilização grega, deu a esse momento histórico oportunidade para a formulação do pensamento filosófico da humanidade em condições jamais até então imaginadas.
Não se pode, pois, analisar a filosofia de educação de nossa época sem que antes nos detenhamos nesses recuados primórdios da civilização.
A razão, pelo contrário, recém-descoberta, estava em pleno esplendor de criação especulativa, extasiando a imaginação grega com a maravilha das proporções, do ritmo, da simetria, da harmonia, do completo, do acabado, do ordenado, do perfeito.
A alegoria da caverna consagrou, sob forma literária, essa concepção de um mundo de ideias, real, eterno e imutável, a que o homem podia chegar pela educação da mente e do