Filosofia da Cultura
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Relativamente ao problema da essência da cultura sempre se tem criado a ilusão de se admitir que devia haver uma cultura - e por isso apenas uma - à medida do homem, das suas faculdades e determinações, cultura «ideal», «natural», por assim dizer previamente dada e também, em particular, um direito natural, uma religião natural, um Estado ideal, uma linguagem ideal, etc. (platonismo da cultura). Muitos ingenuamente, consideram absoluto, o que lhes é próprio e actual, outros julgam - e aqui se cruza a filosofia da cultura com a filosofia da história.
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Há uma «pluralidade de absolutos» tanto em relação às culturas como, no interior destas, a respeito das formas de ser homem que, do ponto de vista histórico-filosófico, não se podem ordenar como simples membros de uma cultura comum, tal como se enfiam pérolas num colar.
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A cultura, uma vez criada pelo homem, actua por seu turno também retroactivamente sobre este. Como ser cultural, o homem também alia à produtividade da cultura, a plasticidade, a capacidade de crescer para ela e deixar-se por ela formar (e por isso, também, de se tornar outro, graças a uma cultura diferente).
Esta formação através da cultura caracteriza o homem tanto como sua criação cultural, ou ainda mais; de facto, só poucos são criadores, mas todos são influenciados pela cultura, uma vez esta criada. E se bem que a criação pareça logicamente deter o primado, de facto, porém, todos estão já dependentes da cultura anterior. Ela criou já o criador. O homem não é só um ser natural, biopsicologicamente já concluído, que além disso, por accidens, produza a cultura e por esse meio se eleve a um estado superior; primariamente e eo ipso encontra-se já na cultura. Esta é impensável sem ele, é-lhe consubstancial, da mesma origem. Entre a nossa face natural e a nossa face cultural não pode haver corte algum. Por isso também a antropologia filosófica e a filosofia da cultura são