fichamento platão
A autora do texto analisa a tão falada divergência entre poesia e filosofia. Começa por especificar o que deve ser considerado poesia no contexto da república. Poesia não é o simples escrever em versos. Diversos pensadores utilizaram-se da escrita em métrica poética simplesmente porque a tradição das suas culturas é predominantemente oral e cantada. Deve ser compreendido como poesia apenas as composições miméticas como as de Homero e Hesíodo. Essa distinção deve ser feita, pois antes de Platão, diversos autores escreveram críticas à poesia em forma de versos, críticas que seriam incoerentes se estes autores fossem considerados eles mesmos poetas. É preciso salientar que a crítica à poesia não é nenhuma originalidade de Platão, e que pensadores como Xenófanes e Heráclito já o fizeram anteriormente.
Nos é exposta então a base da crítica platônica aos poetas na República. Esta crítica não começa no livro X como se costuma pensar, mas aparece desde o livro I através de insinuações. O fato do velho Céfalo só se expressar através de citações de poetas demonstra claramente a cultura contemporânea a Platão, representa a classe que deixa que os poetas pensem por eles. Quando Sócrates principia a sua investigação sobre o que é justiça, aparecem as definições “é justo restituir a cada um aquilo que se lhe deve” e “fazer o bem a seus amigos” e o “mal a seus inimigos”, ambas provenientes de poetas, e ambas demonstradas como equivocadas por Sócrates. Aqui Sócrotes