Fichamento Heráclito
OS “NATURALISTAS” OU FILÓSOFOS DA “PHYSIS”
Os primeiros jônicos e a questão do “princípio” de todas as coisas
Heráclito de Éfeso
“(...) Escreveu um livro intitulado Sobre a natureza, (...) talvez constituído de uma série de aforismos e intencionalmente elaborado de modo obscuro e num estilo que recorda as sentenças oraculares, (...). E o fez para evitar a depreciação e a desilusão daqueles que, lendo coisas aparentemente fáceis, acreditam estar entendendo aquilo que, no entanto, não entendem. (...)” (p. 35).
“Os filósofos de Mileto haviam notado o dinamismo universal das coisas, que nascem, crescem, perecem, bem como do mundo (...) submetido ao mesmo processo. (...) haviam pensado o dinamismo como característica essencial do próprio ‘princípio’ que gera, sustenta e reabsorve todas as coisas. Entretanto, não haviam levado adequadamente tal aspecto da realidade ao nível temático. E é precisamente isso que faz Heráclito. ‘Tudo se move, tudo escorre’ (panta rhei), nada permanece imóvel e fixo, tudo muda e se transmuta, sem exceção.” (p. 35).
“(...) nós somos e não somos, porque, para ser aquilo que somos em um determinado momento, devemos não-ser-mais aquilo que éramos no momento anterior, do mesmo modo que, para continuarmos a ser, devemos continuamente não-ser-mais aquilo que somos em cada momento. E isso, segundo Heráclito, vale para toda a realidade, sem exceção.” (p.36).
“(...) O devir ao qual tudo está destinado caracteriza-se por uma contínua passagem de um contrário a outro: as coisas frias esquentam, as quentes esfriam, as úmidas secam, as secas umedecem, o jovem envelhece, o vivo morre e assim por diante. Há, portanto, uma guerra perpétua entre os contrários que se aproximam. Mas, como toda coisa só tem realidade precisamente no devir, a guerra (...) revela-se essencial (...). Mas, note-se bem, trata-se de uma guerra que, ao