Fernando
Ricardo Ernesto Rose Jornalista, Licenciado em Filosofia e Pós-Graduando em Sociologia
Em seu processo de desenvolvimento da ciência sociológica, o pensamento de Augusto Comte passou por três etapas. Na primeira fase, que vai aproximadamente de 1820 a 1826, Comte analisa a sociedade de seu tempo, avaliando o desenvolvimento da industrialização – a máquina a vapor havia sido recentemente introduzida no processo produtivo e era a grande novidade nos transportes; os aspectos sociais – migrações do campo para as cidades, surgimento de uma classe operária; e científico tecnológicos – a física vai ampliando sua área de conhecimento enquanto a química e a biologia dão seus passos iniciais. Comte chega à conclusão que um novo tipo de sociedade estava nascendo; científica e industrial, em oposição à sociedade que estava morrendo, a teológica, ainda ligada ao modo de pensar dos teólogos e sacerdotes. Através desta análise, Comte acaba concluindo que uma ordem social que chamou de teológico-militar estava em decadência, sendo substituída por outra que denominou científico-industrial.
Assim como muitos de seus contemporâneos, Comte acreditava que estava vivendo em uma crise civilizacional. Esta idéia era comum à época em que Comte iniciava o desenvolvimento de suas teorias, no início do século XIX, e partilhada por vários intelectuais. As grandes mudanças sociais e tecnológicas tiveram um forte impacto sobre as mentes mais esclarecidas da época. Como exemplo, temos um texto do escritor, poeta e pensador italiano Giaccomo Leopardi, escrito em 1825:
“Ora, para chegar ao atual estado de civilização ainda não perfeita, quanto tempo tiveram que sofrer esses povos? Tantos anos quanto se pode enumerar, desde a origem do homem até os tempos mais próximos. E quase todas as invenções de maior necessidade ou proveito para a conquista do estado civil originaram-se não da razão, mas de meros acasos: de modo que a civilização humana é