Feminicidio
Numa primeira reflexão pode pensar-se que ser homem ou mulher é algo facilmente definido através do nosso sexo biológico. No entanto há muitos homens e mulheres que não se sentem adequados ao sexo com que nasceram, sentindo-se "erros da natureza" e procurando converter-se no "ser" que sentem ser e que socialmente não são. Por outras palavras, estes indivíduos cujo género se encontra "desajustado" em relação ao sexo biológico (homens que se sentem mulheres e vice-versa) procuram, por vezes, corrigir esta "falha da natureza" de modo a encontrar-se a si mesmo, física e psicológicamente. Tal encontro consuma-se por meio de uma operação de mudança de sexo. Surgem assim os primeiros transsexuais. Sociologicamente é crucial elaborar uma distinção entre os conceitos de género e de sexo. Isto porque de aparentemente quererem dizer o mesmo, tal não se verifica e sociologicamente existe uma diferença substancial entre ambos. O sentimento de um sociólogo face à ideia de que estes termos quererem dizer o mesmo pode ser facilmente equiparada à de um pintor cujas obras abstraccionistas são confundidas com as naturalistas. Façamos uma comparação antes de definirmos os termos.O naturalismo corresponde ao conceito de sexo, enquanto o conceito de género de liga com o abstraccionismo. E porquê? Porque enquanto o naturalismo "pinta" cenas concretas do visível, da realidade vista a olhos nús, o abstraccionismo corresponde a pinturas como a Guernica de Pablo Picasso: a pintura dos sentimentos do artista num dado momento, num dado local. O mesmo se passa com o sexo e o género. Equanto sexo se pode facilmente definir pelas diferenças anatómicas e fisiológicas que definem o corpo masculino e o feminino, por género entendem-se as diferenças psicológicas, sociais e culturais entre os indivíduos do sexo masculino e do sexo feminino. Assim sendo, o género é uma noção socialmente construída de masculinidade e feminilidade, não o produto único do sexo