Feitiçaria e piedade popular
Carlo Ginzburg ao analisar alguns processos da cidade de Módena no norte da Itália entre o fim do século XV e metade do século XVI, descobre algumas coisas bem interessantes, que no decorrer do capitulo vão mostrando quão complexo e interessante são os processos e acusações de feitiçaria. Para analisar as relações entre feitiçaria e piedade popular Ginzburg pega o processo de uma mulher chamada Chiara Signorini que foi acusada de enfeitiçar sua antiga patroa Margherita Pazzani, por ter sido expulsa de uma pequena propriedade que era de sua antiga patroa.
As primeiras acusações feitas a Chiara Signorini aparecem no processo contra um frade servita Bernadino de Castel Martino, que é acusado de prática de artes mágicas e uso de estatuetas para fins terapêuticos, porém não se tem nenhum vestígio de qualquer interrogatório feito ao frade.
E em 5 de janeiro de 1519 se inicia o processo contra Chiara, o irmão de Margherita acusa Chiara de ter enfeitiçado sua irmã por vingança e desde então ela está entrevada na cama. Chiara tenta resistir a captura e se esconde embaixo de ma cama, o que aumenta ainda mais as suspeitas dos juízes, pois isso demonstra sentimento de culpa.
Desde o inicio ela não nega que lançou um feitiço sobre sua patroa, mais diz que não tem nenhum envolvimento com o demônio, diz que recebe os poderes de Deus através de orações dela e de seus filhos.
Outras pessoas acusam Chiara de feitiçaria, algumas dizem que ouviram ela dizendo que havia posto um feitiço em sua patroa, outras pessoas no decorrer do processo dizem que ela não ia a missa e tinha práticas muito estranhas, outros dizem ainda que ela aprendeu feitiçaria com uma mulher que estava a beira da morte e que à ensinou para que ele pudessem continuar.
Essas acusações mostram que a fama ou a suspeita de feitiçaria pode levar ao isolamento social, por outro lado hábitos e comportamentos diferentes atraem facilmente a