Feitiçaria e piedade popular: notas sobre um processo modenense de 1519
Feitiçaria e Piedade Popular: Notas Sobre um processo modenense de 1519.
É importante ver que o diabo assumia a imagem da virgem Maria, segundo o inquisidor, que obtinha sua verdade através da tortura, as variações físicas sob as quais o demônio e a virgem Maria apareciam sobre um contexto cultural muito forte, a virgem sempre representada por uma bela mulher vestida em mantos brancos, enquanto o demônio aparecia sob a forme de um adolescente, tanto menina como menino. A maioria das supostas verdades pretendidas pelo inquisidor eram obtidas por tortura, ao fim do dia do julgamento, eram obtidos as provas de que o réu era realmente culpado, só que no dia seguinte do julgamento enquanto lhe eram feitas perguntas referentes à outras partes da denúncia, o réu negava tudo aquilo de ruim que ele tinha falado, pois o mesmo estava sobre tortura, então se dava inicio a uma nova serie de perguntas. Freqüentemente as perguntas eram confusas e ameaçadoras, no intuito de que o réu caísse em contradição e o mesmo fosse condenado, no julgamento analisado por Ginzburg, a mulher afirma ter visto a imagem de Maria e ter conversado com ela, o tribunal inquisidor levou em questão que o fato da suposta Maria ter conversado com ela, uma vez que segundo as crenças populares poderia se tratar de uma farsa diabólica, e que a mulher estaria tendo “Alucinações diabólicas” e não recebendo verdadeiras aparições da virgem Maria. Outro fator importante seria que Chiara havia conjurado ora na presença da virgem, ora na presença do diabo (esta parte ela falou quando estava sobre tortura) uma mulher que havia expulsado ela e sua família da propriedade. Segundo a denuncia, o conjugue também participado dos rituais diabólicos, sendo, portanto cúmplice na “falácia demoníaca”, ambos presos e sujeitos a tortura, principalmente Chiara. Ressaltando mais uma vez que a tortura buscava através da dor, que os réus fizessem a confissão mentalizada