Para compreender melhor o que foi e como se proliferou a eugenia no Brasil, é necessário um estudo global das tendências ideológicas sobre a espécie humana na época. Isso é possível a partir da análise das teorias dos estudiosos e da elite nesse período. Em primeiro lugar podemos destacar o darwinismo social e biológico, adotado como modelo científico para explicar a realidade social, configurando, assim, idéias como a de uma luta universal dos organismos pela sobrevivência e, derivação necessária, de uma hierarquia natural que dividiria a humanidade em raças superiores e inferiores. Tal idéia de segregação racial era apoiada pelas elites brasileiras que ainda possuíam resquícios das ideologias do período escravocrata. O professor Thomas Skidmore analisa o processo de segregação racial a partir de um estudo dos teóricos brasileiros no período de transição entre o período escravocrata e o de mercado de trabalho livre onde fica clara a influência da teoria européia de embranquecimento nas obras dos autores brasileiros. Além disso, teorias como o anti - semitismo e de segregação social também estavam incutidos na sociedade brasileira. Um bom exemplo disso é o período compreendido como “Belle Époque” onde as classes populares ficaram a margem dos grandes centros urbanos construídos nos primeiros anos do século XX, ou durante a ditadura de Getúlio Vargas, onde judeus foram depreciados, espancados e deportados por autoridades do governo, como bem mostra Maria Luiza Tucci em seu livro O anti-semitismo na era Vargas. Com isso temos na eugenia uma tentativa de modificar boa parte dos modelos étnicos e sociais do período estudado, na tentativa de construir sociedades mais desenvolvidas arianas e ricas, tomando o padrão europeu como base para o nosso país.