Eugenia no brasil
Vanderlei Sebastião de Souza(
O objetivo deste trabalho consiste em discutir o desenvolvimento da eugenia no Brasil durante o período entre-guerras. Procuraremos demonstrar como surgiu o debate em torno do movimento eugenista no contexto nacional, enfatizando principalmente as idéias e os arranjos científicos e sociais com as quais trabalhavam os intelectuais e cientistas brasileiros. Considerando que a história da ciência deve ser interpretada em sua devida historicidade cultural[?], nosso esforço consistirá em perceber de que maneira o pensamento social e político brasileiro sustentaram e lançaram um papel crucial no processo de formação deste movimento de idéias denominado eugenia. As discussões sobre a eugenia emergiram no Brasil durante as décadas de 1910 e 1920, associando-se diretamente às preocupações nacionais quanto ao estado de saúde, saneamento, higiene e da situação racial da população. Os primeiros trabalhos sobre eugenia apareceram no início da década de 1910, com pequenos artigos publicados na imprensa carioca e paulista. Em 1914, o médico Alexandre Tepedino, sob a orientação do Prof. Miguel Couto, apresentaria à Academia de Medicina do Rio de Janeiro a primeira tese sobre eugenia, intitulada Eugenia[?]. No entanto, conforme lembrava o eugenista Renato Kehl anos mais tarde, “parece que a questão não lograra interessar os nossos homens de ciência, os nossos jornalistas e estudiosos. A doutrina teria, talvez, sido mal compreendida”. Mas enfim, continuava Renato Kehl, “chegou, afinal, o dia de iniciarmos a nossa propaganda”[?]. A hora e a vez da eugenia havia chegado. Em 1917, o jovem médico e farmacêutico Renato Kehl, que se tornaria o principal propagandista da eugenia no Brasil e na América Latina, iniciaria uma grande campanha de divulgação das idéias eugênicas no meio médico e intelectual. A entusiasmada