Eucalíptos ou Jequitibás
Os primeiros têm vida e curta e previsível. Os segundos têm vida longa e livre. O problema é que são raros, como os empreendedores de verdade
Por Marcos Hashimoto
Muito se tem discutido sobre as diferenças entre um empresário e um empreendedor. Grosso modo se confunde os dois perfis pelo fato de ambos serem profissionais que sabem criar um negócio, mas há sim, muitas diferenças. A verdade é que existem empresários que são empreendedores: a grande maioria deles pode abrir um novo negócio, mantê-lo e viver o resto da sua vida com os frutos de uma única empreitada, tendo passado por pouquíssimos riscos. Muitos donos de pequenos negócios como bares, postos de gasolina ou lojas de confecções estão muito mais interessados em evitar riscos do que procurá-los. Outros empresários ocuparam este status por força da herança familiar e acabam enfrentando mais dificuldades em manter o negócio em pé do que empreender. Existe, por fim, a categoria dos empresários da necessidade, ex-empregados que se viram forçados a ‘empreender’ frente a realidade dura do mercado de trabalho.
No Brasil, grande parte dos novos empreendimentos nasce pela necessidade, pela própria sobrevivência. Mas o empreendedor não é, de forma alguma, aquele que só resolve partir para um negócio próprio ao verem frustradas suas tentativas de se recolocar no mercado de trabalho. Mais comum e vê-lo trocar uma carreira estável por uma aventura cheia de incertezas. O célebre educador Rubem Alves usa uma analogia que vou tomar emprestado para explicar estas diferenças: eucaliptos e jequitibás.
Eucaliptos são fáceis de plantar, são cultivados para fins específicos e são sempre organizados em linha e de forma planejada. Seu ciclo de vida é curto, pois têm fins puramente comerciais, crescem depressa e não há nada que os diferencie entre si, pois quanto mais padronizados, melhor é o trato. Há árvores, no entanto, que são diferentes das outras, possuem personalidade, não