Eua, liberdade e cidadania
Logo no inicio do texto, o autor destaca a importância da valorização da memória histórica, e da suposta tradição de liberdade que o cidadão norte-americano traz consigo, para a consolidação da cultura dos EUA. Porem, tais traços culturais sofreram uma hipertrofia em sua constituição. A memória histórica nacional destaca os pilgrim fathers
(pais peregrinos) e o navio Mayflower como gestos fundacionais. Sabe-se que, quando os pais peregrinos contemplaram o Novo Mundo, a cidade de Jamestown já existia. Nos porões do Mayflower ship foi redigido um texto ideal para se construir um discurso de fundação, e seu lema de compromisso ‘’just and equal laws’’ (leis justas e iguais) deu ainda um toque especial. ‘’Homens piedosos que se reuniram numa situação de muita angustia, vendo a costa de uma terra desolada e com um frio pouco usual até para os ingleses, escrevem um texto e preocupam-se com leis que garantam justiça e igualdade’’. É a história ideal para legitimar uma idéia de cidadania.
Outro feito desses pioneiros forneceu base para o imaginário político-religioso desse povo. No inverno de 1621, devastados pelo frio e pela fome, colonos compartilharam com índios, pacificamente, e celebraram o Thanksgiving (Dia de ação de graças) com peru, milho e aboboras. Esse dia se consagrou como o maior feriado dos
EUA, e esta passagem da historia é encenada até hoje nas escolas americanas. A memória oficial destacou como heróica a aventura dos colonos. Porem, sabes-se hoje, que a idéia de liberdade das colônias inglesas é bem mais complexa.
Cem anos antes da Independência, aconteceu a rebelião de Nathaniel Bacon. Tal rebelião tinha uma certa roupagem democrática pelo fato de seu alvo ser o poder do governador da Virginia, Sir William Berkeley, que fora nomeado para o cargo, e por ter posse de um documento intitulado General by consent of the people ( General pelo consentimento do povo). Gozando desse titulo