Estruturada - história da educação do brasil
Resumo
O presente artigo situa-se na área da história das disciplinas escolares e pretende recensear alguns dos contributos teóricos mais importantes para a investigação neste campo, designadamente no que diz respeito à história da matemática escolar. Pretende-se, também, proceder ao levantamento das principais fontes passíveis de serem utilizadas neste contexto e contribuir, em diálogo com textos próximos, para a efetivação de um balanço da investigação já realizada.
1. A história das disciplinas: entre a cultura escolar e a transposição didática.
Não há investigação sem quadro teórico de referência. Tal afirmação aplica-se naturalmente à história das disciplinas escolares. Esta se insere, em traços gerais, no campo da história cultural ou, nas palavras de Peter Burke (2005) da nova história cultural, pelos autores a que recorre, pelos conceitos que usa ou pelos temas que explora. Esta filiação implica, entre outras coisas, considerar as representações como práticas que contribuem para a construção do mundo social e ter em conta o papel central da noção de apropriação. A este nível é fundamental admitir a existência de uma pluralidade de apropriações, decorrentes de recepções criativas, por parte de determinadas comunidades, dos modelos em circulação.
A inserção na história cultural implica, ainda, uma atenção particular tanto às condições de produção dos discursos como aos suportes que permitem a sua circulação (Chartier, 2002). Estas ideias, em particular o sentido dado à noção de apropriação, são fundamentais para se compreender o processo de transformação dos saberes científicos em disciplinas escolares e a criatividade da chamada cultura escolar, questões a que voltaremos.
Embora a história do currículo e a história das disciplinas escolares não sejam campos coincidentes, é evidente a sua proximidade e parcial sobreposição. Segundo Larry Cuban (1992), o currículo pode ser considerado a series of planned events