Etica do estado
Em pesquisa sobre o tema encontrei um livro na Biblioteca da Subprefeitura no bairro do Tucuruvi, que relata fatos relacionamento entre Ética e o Estado.
Livro de Lúcio Vaz, “A Ética da Malandragem”, no submundo do Congresso Nacional, Geração Editorial.
Início da Nova República, governo Sarney, Havia acabado, enfim, a ditadura militar. O País tomado por um clamor cívico, ainda comovido com a morte de Tancredo Neves. Nos bastidores do Congresso, os principais líderes daquela contrarrevolução pacífica, executada pelas vias institucionais, traçavam os novos rumos para o país. Mas viam-se, também, envolvidos com tarefas nada nobres ̶ ̶ mazelas de quem exerce o poder. Instalado no seu gabinete da presidência do PMDB, que funciona no prédio da Câmara, o presidente Ulysses Guimarães analisava as indicações de parlamentares do partido para cargos no novo governo. Quando ele assinava embaixo, o posto estava garantido, mesmo se fosse o de ministro.
O velho Ulysses estava impaciente com o número de pedidos. A mesa coberta por pilhas de ofícios enviados pelos aliados. Um deputado muito próximo do líder acompanhava aquela inusitada seleção. O tri-presidente (do PMDB, da Câmara e da Assembleia Constituinte) aponta uma pilha de ofícios e comenta:
̶ ̶ Sabe de quem são esses? Do Lucena ̶ ̶ informou, referindo-se ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB), conhecido pelo seu apego aos cargos.
Admirado, o deputado exclamou: Mas são dezenas!
̶ ̶ No caso do Humberto, não são dezenas, são “lucenas” ̶ ̶ finalizou o velho, com sua fina ironia.
Com a retomada da democracia, os políticos reassumiram plenamente o poder, ocupando cada cargo federal, do primeiro ao último escalão. Foram também contemplados com concessões de rádio e televisão e passaram a administrar parte das verbas do Orçamento da União, direcionando recursos para seus redutos eleitorais. Verba para calçamento de ruas, casas populares, postos de saúde, ambulâncias ̶ ̶ as sempre atrativas ambulâncias