Enunciação

Graphos. João Pessoa, v. 8, n. 2/2006 – ISSN 1516-1536

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A EN(CENA)ÇÃO ENUNCIATIVA NO EDITORIAL
Cíntia Regina de ARAÚJO1
RESUMO
Objetivamos, neste texto, uma análise da cena enunciativa no gênero editorial do domínio discursivo do jornalismo escrito, tendo em vista a perspectiva de Ducrot (1987). Organizamos o trabalho apresentando o quadro teórico como suporte da análise realizada.
Palavras-chave: editorial, jornalismo escrito, cena enunciativa.
ABSTRACT
In the study, we aim to analyse an enunciative scene in the publishing sort of the discursive domain in written journalism, according to the perspective of Ducrot (1987). We organize the study by presenting the theory as support for the carried out analysis.
Keywords: editorial, written journalism, enunciative scene.

1-Considerações iniciais
Neste trabalho, propomos refletir sobre o evento interativo no gênero editorial2, com ênfase nos elementos que compõem a cena enunciativa: i) interactantes (quem diz? para quem diz?); ii) temáticas (o que se diz? ou de que se diz algo?); iii) objetivos (por que se diz?); iv) contexto sócio/histórico/ideológico (quando se diz? onde se diz?).
É importante salientarmos que os interactantes do editorial – editorialista e leitores
– não são apenas sujeitos empíricos, mas representam papéis sociais determinados na estrutura social na qual estão inseridos. O editorialista representa a autoridade da instituição jornalística para a qual trabalha, sujeito imbuído de conhecimentos e informações que o tornam digno de confiança na comunidade para a qual diz.
Analisamos a cena enunciativa do editorial a partir da perspectiva de Ducrot (1987), porque, ainda que inegável a contribuição de Benveniste para o desenvolvimento dos estudos sobre a enunciação, concordamos com alguns críticos, como, por exemplo, Brandão
(1996, p.48), que a abordagem enunciativa proposta por Benveniste é excessivamente centrada no locutor, que é visto como sujeito constituído pela