Ensaio sobre o entendimento humano
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|Denis HUISMAN |Dicionário das mil obras de Filosofia, p. 158-159 [elementos bibliográficos aqui] |
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Esta obra é uma reflexão sobre a origem das ideias e dos conhecimentos humanos, ao mesmo tempo que sobre os fundamentos metafísicos da racionalidade. A unidade destas duas problemáticas é necessariamente contraditória na perspectiva do empirismo que Locke inaugura, e de que este ensaio é um marco miliário. Além disso, a parada das interrogações lockianas ultrapassa a dimensão metafísica ou gnosiológica: a moral, a religião, a teologia, encontram-se igualmente renovadas.
O empirismo de Locke começa por uma crítica da teoria das ideias inatas, aquela que o cartesianismo tinha formulado levando-a sem dificuldade a um grau de perfeição dificilmente ultrapassável (livro l). Locke pretende mostrar que o pôr em causa o inatismo não arruina de modo nenhum o valor objectivo das ideias (particularmente no domínio moral). Não existem ideias inatas no espírito humano, é a famosa "tabula rasa".
O livro II expõe a génese das ideias complexas a partir das ideias simples. Estas podem ter por origem a sensação (é o caso das qualidades sensíveis ou do espaço), a reflexão, ou a intervenção combinada de ambas. No exame do valor objectivo dessas ideias, Locke distingue as qualidades primeiras (que pertencem realmente aos corpos) das qualidades segundas (que apenas existem no sujeito que percebe).
Passivo na recepção das ideias simples, o espírito é activo na formação das ideias complexas. Essa formação pode realizar-se segundo três modalidades de associação: combinação, junção, abstracção. Daí