El cid
Rodrigo Diáz de Vivar, El Cid, ficou eternizado como um dos mais valorosos cavaleiros da Idade Média, um héroi ao serviço dos reinos cristãos. Em 1099 na cidade de Valência, El Cid morre, e nasce um dos maiores mitos associados a este período histórico: o herói ibérico que venceu os muçulmanos em nome da sua dedicação à fé cristã e à lealdade aos reis espanhóis. Esta versão popular enraizou-se de tal forma na cultura espanhola que é difícil ver a verdadeira história de El Cid através do denso véu que separa o mito da realidade. Certamente, El Cid foi um militar brilhante, e poucas foram as batalhas que perdeu, o que naturalmente em muito contribuiu para a sua fama. Fama esta que já existia antes de perecer. Contudo, a lenda formada em volta desta personagem trata-se de uma contrução mítica, pouco verosímil a nível histórico.
Antes de mais, é relevante proceder a uma análise detalhada do contexto geopolítico da Península Ibérica do tempo de El Cid. Na Europa do século XI, não existia qualquuer pré-conceito de nacionalismo, tão pouco de identidade de Estado. Os diferentes reinos que dividiam a península guerreavam constantemente entre si, no sentido de ampliar as suas fronteiras. A Norte, encontravam-se os reinos cristãos de Castela, Navarra, Aragão, Galiza e Leão. Já a Sul, encontrava-se o Al-Andalus, território dominado pelos muçulmanos, que haviam entrado na península em 711. Face a estas condições, os conflitos bélicos eram, de facto, o estado natural das coisas. Com a queda do califado de Córdoba, o Al-Andalus torna-se uma série de reinos muçulmanos, denominados “taifas”. Estes, divididos e em constantes guerras entre si, estavam acorrentados a um cíclo vicioso: “incapaces de unirse frente a los cristianos, para evitar sus ataques necesitan pagar la protección de éstos y reunen el dinero mediante una mayor presión fiscal que, con frecuencia, da origen a motines y revueltas,