Efeitos teratogênicos
Os agrotóxicos organofosforados induzem a alterações do sistema auditivo e do sistema vesti¬bular, tendo sido evidenciado ainda seu potencial neurotóxico na população exposta a este químico. E seus efeitos sobre a saúde humana englobam uma variedade de sinais e sintomas, muito além da visibilidade clínica.
A perda auditiva provocada por substân¬cias químicas industriais, tais como pelos agrotóxicos, é parecido com as drogas ototóxicas como aminoglicosídeos e cisplatina. Os descritores, em geral, dessas desordens são muito semelhantes: perda auditiva neurossensorial para frequências de 3000 a 6000 Hz, com lesão principalmente em células ciliadas cocleares, sendo a alteração bilateral, simétrica e irreversível(21).
Os estudos realizados com agentes de saúde pública de Per¬nambuco, comprovam que a exposição crônica aos inseticidas pode ser responsável pela deficiencia da audição. Dentre aos estudados, as maiores queixas observadas foram: irritação nos olhos (54,1%), cefaléia (44,9%), tonturas (35,7%), náuseas e torpor (16,3%). Já os sintomas mais referidos, relacionados ao sistema nervoso central (SNC) foram: dificuldades na compreensão da fala (46%), dificuldade em lembrar alguns fatos (43%), dificuldade em manter a atenção (24%) e zumbido (24%). Em uma variação de oito a nove horas após a exposição, o indivíduo pesquisado apresentou visão turva e episódios graduais de náusea. No quarto dia após a exposição, referiu perda auditiva e tontura, sendo constatada perda auditiva bilateral profunda. Pesquisadores realizaram um estudo na cidade de Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, com indivíduos expostos a vá¬rios tipos de agrotóxicos, dentre eles os organofosforados. Foram determinados dois grupos de 42 homens cada, sendo um grupo constituído por sujeitos que trabalhavam no ramo da agricultura, com tempo médio de 15 anos, e outro grupo por trabalhadores sem exposição a agrotóxicos e sem história prévia de perda auditiva. Os resultados