Educação
Nesse
organismo precoeemente depauperado, exposto às mais variadas influências mesológicas e étnicas, ao começar o século da inde- pendência, manifestou-se, como uma doença, o mal romântico. Defini-lo já é suscitar mil dúvidas. Como expressão dinâmica do espírito humano o romantismo é um fenômeno extenso e complexo. Acompanhá-lo pelos séculos a fora é ir à Idade Média, ao neoplatonismo de
Alexandria, ao platonismo grego, passando pela Reforma e pela Renascença. Os volumes da formidável bibliografia que dele se ocupa encheriam as estantes de uma biblioteca. Filosofia, artes, sistemas políticos, novos modos de sensibilidade, a cultura, enfim, e a própria civilização ocidental — foram direta ou indiretamente afetadas pela visão deformadora que constitui a essência do movimento romântico. Uns o contrapõem ao classicismo, representativo do sentimento da ordem, da lógica, do homogêneo, do abstrato, da razão, da clareza, em oposição às tendências concretas
113
de fato e de vida, de tradição e de movimento que caracterizam, para assim dizer, a estrutura básica do pensamento e sensibilidades românticos. Para outros, o romantismo é simplesmente uma atitude ou o modo de ser de uma época turva e revoltada, reagindo contra as antigas disciplinas que insistiam sem resultado em abafar a ânsia de independência, tão peculiar às multidões libertadas do fim do século XVIII. Na própria expressão — romantismo
— depara-se uma dualidade em que se pode distinguir o romantismo do sentimento e o da inteligência. Um é o sinônimo de lirismo e de pessimismo, o segundo, ao contrário, é uma afirmação de generosidade, de ardor, de fé no inesgotável poder do espírito humano.
Um e outro encontram a sua imediata fonte inspiradora em Jean-Jacques. A fórmula é conhecida: tudo no romantismo vem de Rousseau, em Rousseau tudo é romântico. Dele vem em literatura o egocentrismo sentimental e exibicionista, o sonhar inútil e solitário, o orgulho e o