Educação infantil de surdos
Dias; STEYER, Vivian Edite. (Org.). A criança de 0 a 6 anos e a educação infantil: um retrato multifacetado. Canoas, 2001, p. 214-230.
Educação infantil para surdos
Drª. Lodenir Karnopp e Drª. Ronice Müller de Quadrosi
ULBRA e UFRGS/Nuppes
1 INTRODUÇÃO
Falar sobre educação infantil para surdos exige uma discussão prévia sobre as línguas de sinais, o processo de aquisição da linguagem por crianças surdas e os seus direitos lingüísticos. Isso se faz necessário, uma vez que a língua natural das crianças surdas é a língua de sinais. Considerando os direitos lingüísticos, as crianças surdas têm o direito de usar sua língua materna em todas as situações oficiais (cf. Skutnabb-Kangas
(1994:152) e as escolas devem reconhecer a língua de sinais como língua da educação do surdo. O presente artigo objetiva, portanto, apresentar uma discussão em torno desses assuntos e introduzir algumas reflexões sobre a educação infantil de crianças surdas.
2 AS LÍNGUAS DE SINAIS (espaciais-visuais)
As línguas de sinais são consideradas pela lingüística como línguas naturais ou como um sistema lingüístico legítimo, e não como um problema do surdo ou como uma patologia da linguagem. Este reconhecimento, no entanto, aconteceu a partir de estudos realizados inicialmente na língua de sinais americana - ASL. A pesquisa realizada por
Willian Stokoe foi publicada em 1965 (Stokoe et alli, 1965/ 1976) e representou uma revolução social e lingüística. A partir dessa obra, várias outras pesquisas foram publicadas apresentando perspectivas completamente inovadoras sobre as línguas de sinais (Bellugi & Klima, 1972; Siple, 1978; Lillo-Martin, 1986) culminando no seu reconhecimento lingüístico nas investigações realizadas por Chomsky (1995:434, nota 4) na Teoria da Gramática. Chomsky observou que o termo “articulatório” não se restringia à modalidade das línguas faladas, mas