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A Deficiência sempre esteve presente na história da humanidade. Em sociedades da antiguidade e idade média, pessoas com deficiência faziam parte de um cotidiano marcado por precárias condições de saúde e por guerras que contribuíam para aumentar uma já grande população de mutilados. Nesse período, observa-se a primeira contradição relacionada à Deficiência: sua presença em grande escala em meio a uma sociedade governada por uma ideologia religiosa que valoriza a ideia de “pureza” e “perfeição”, princípios para que o indivíduo pudesse se aproximar de uma condição divina. Essas contradições entre puro e impuro, perfeito e imperfeito são a marca do Modelo Religioso de Deficiência. Neste, a Deficiência é associada frequentemente a um rompimento de um ideal de perfeição do corpo e da alma, podendo ser interpretada como punição de Deus, fato que também justificava a exclusão do indivíduo. Albrecht e outros (2003) observam isso em algumas passagens da Bíblia, citanto como exemplo o livro do Deuteronômio, em que a cegueira e a loucura eram vistas como castigos atribuídos a quem não seguisse as ordens divinas.
Seguindo a mesma linha de raciocínio, a Encyclopedia Judaica, conforme aponta Stiker (1999), também enumera diferentes tipos de deficiência que impediriam um indivíduo de oferecer sacrifícios; tal exclusão era justificada como forma de preservar a santidade da congregação e da comunidade. Da mesma maneira, na Grécia e em Roma, sociedades que valorizavam intensamente o ideal de beleza física e simetria, a existência de crianças com algum tipo de deficiência era socialmente inaceitável: crianças com deficiência física ou mental eram consideradas sub-humanas, justificando sua eliminação ou abandono (PESSOTTI, 1984). Além da questão da “impureza”, a Deficiência também era vista sob um olhar supersticioso em alguns casos. Como exemplo, Braddock e Parish (2003) citam o fato de que os nascimentos de crianças com