Doutor
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26, n. 2: 87-102, 2006Artigo
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(1, 2, 3, 4...), o que geraria a escassez, a fome. Marx é um severo crítico destaconcepção, opondo-lhe tanto a questão metodológica quanto os seus equí-vocos teóricos derivados de sua concepção metafísica ligada a determinadosinteresses de classe. Segundo Marx:
“A teoria de Malthus (...) é importanteem dois aspectos: 1. porque outorgou uma expressão brutal ao brutal modode pensar do capital; 2. porque afirmou a existência da superpopulação emtodas as formas de sociedade”
(
M arx , 1985, p. 112).Marx coloca que a concepção de Malthus é “totalmente falsa e pueril”(
M
arx
, 1985, p. 112). Ele realiza algumas críticas à concepção de Malthus,sendo que uma das principais se refere ao seu caráter a-histórico. Marx afir-ma que Malthus “considera como da mesma natureza a superpopulação nasdiferentes fases históricas do desenvolvimento econômico” e que:
Não compreende sua diferença específica e reduz estupidamente essas relaçõescomplicadíssimas e mutantes a uma relação, a dois termos, na qual se con-trapõe por um lado à reprodução natural do homem, por outro a propagaçãonatural dos vegetais (os meios de subsistência), como se tratasse de duas sériesnaturais, das quais uma aumenta geometricamente, a outra aritmeticamente.Desta forma, transforma as relações historicamente diferentes em uma relaçãonumérica abstrata existente somente na fantasia, que não se fundamenta nemnas leis naturais nem nas leis históricas. (
M
arx
, 1985, p. 112)
Aqui Marx critica o caráter abstrato-metafísico, portanto a-histórico,da lei populacional malthusiana, pois a população possui uma dinâmicadiferente