Documento, Verdade e Ficção na historiografia
A proposta de pensar o tema “Documento, verdade e ficção na Historiografia” traz à tona discussões há muito travadas pelos pesquisadores da área sobre diversas questões relativas ao papel do historiador e seu compromisso com a “verdade”, bem como a proximidade/distanciamento entre a narrativa histórica e a narrativa literária.
Resta claro que há pouco espaço nas pesquisas contemporâneas para pretensões positivistas de o historiador alcançar uma verdade última, definitiva a respeito de cada temática do estudo historiográfico, como em uma pesquisa experimental de uma ciência exata. Ressalta-se que mesmo nas ciências exatas não é possível afirmar uma verdade última. Assim, afastando-se do cientificismo positivista, a História passa a ser redefinida como uma ciência interpretativa, com hipóteses sobre o desenvolvimento do mundo humano, interpretações e leituras em torno dos processos vividos por homens e mulheres na sociedade.
José Costa D’Assunção Barros propõe pensar a História como um campo do saber que trabalha tanto com as “intenções de verdades” relacionadas ao gesto pericial de busca do historiador, bem como ao gesto interpretativo, que pretende produzir um conhecimento verdadeiro e relativo. A ideia de Barros se aproxima de um dos ensaios publicados por Koselleck em sua obra “Futuro Passado”, que discute a coexistência da ânsia pela verdade e da consciência da relatividade de todo ponto de vista. O historiador deve trabalhar entre a objetividade e a relatividade. Assim, “conhecimento verdadeiro” e “verdade propriamente dita” são conceitos distintos. Para a produção de um conhecimento verdadeiro o historiador deve se ater ao que ele chamará de “veracidade”, ligada à enunciação dos fatos comprovados pelas fontes históricas e “veridicidade”, relacionado à interpretação dos fatos de forma lógica, com metodologia adequada e aproximações teóricas coerentes.
A exigência de que o conhecimento histórico deve ser