Do terreiro para as Escolas
Rachel Rua Baptista Bakke
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da USP, bolsista
FAPESP.
Resumo
A lei 10639/2003, que torna obrigatório o ensino da História da África e Cultura Afrobrasileira nos estabelecimentos escolares do país, prescreve que as religiões afro-brasileiras sejam abordadas em sala de aula, como parte de um conjunto de práticas e valores de origem africana importante para o desenvolvimento da população negra no Brasil. O presente trabalho tem como objetivo o estudo das representações construídas sobre essas religiões nos materiais didáticos, assim como as tensões ocorridas quando essas religiões saem de seus espaços de manifestações próprios, os terreiros, e adentram a escola, muitas vezes confrontando as escolhas religiosas pessoais de atores sociais como professores e alunos com a necessidade de um ensino e aprendizado de valores vistos como "religiosos", mas também como "símbolos culturais étnicos" a serem mobilizados na constituição de identidades diferenciais Palavras-chave
Cultura e Religiões Afro-brasileiras/ Material Didático / Símbolos Culturais
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Trabalho apresentado na 26ª. Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 01 e 04 de junho,
Porto Seguro, Bahia, Brasil.
Em janeiro de 2003 o presidente Luis Inácio Lula da Silva promulgou a lei 10.639 que tornava obrigatório o ensino de história da África e da cultura afro-brasileira como tema transversal do currículo das escolas de ensino oficial, públicas ou privadas. A promulgação dessa lei representou uma vitória dos movimentos sociais negros na busca por políticas públicas de afirmação, ação que vinha se intensificando desde a década de 1990.
A introdução do ensino de história da África e da cultura afro-brasileira no currículo escolar criou uma série de desafios que envolvem a formação dos professores que hoje estão nas salas de aula, mas sem conhecimento específico para trabalhar