Do Senso Comum A Atitude Cri Tica
Filosofia
Salgado
Aula II - Texto base I
Do senso comum à atitude crítica
“O costume e o exemplo nos persuadem mais do que um conhecimento verdadeiro”. DESCARTES.
Discurso do Método. In, Os Pensadores. Nova Cultural: RJ, 1996.
As certezas de nossas vidas são adquiridas por costume, por força de hábito que repetimos sem pensar. Não percebemos o que fazemos, pois não perguntamos, fazemos por pura imitação, como uma criança que para ser aceita no mundo dos adultos se veste como um adulto em miniatura.
Julgamos que isso é o certo e fazer o certo não implica que façamos o verdadeiro. As certezas são simples verdades culturais, históricas, datadas, mas nunca pensamos ou refletimos sobre isso, pois assumimos as certezas como verdades e se é verdadeiro permanece inalterado – é assim, pois sempre foi assim. As nossas certezas parecem um ato de fé e se baseiam em reproduzir, imitar, repetir por hábito gestos que darão sentido ao nosso mundo e alicerçaram a nossa prática. Mas como somos iniciados nessa representação de mundo?
Quando o ser humano nasce já encontra o mundo pronto, carregado de sentido, de práticas, de costumes, de preconceitos, de tradições que determinam a nossa maneira de ser, pensar e vai, aos poucos, instrumentalizando o nosso agir. Somos introduzidos nesse mundo e vamos aprendendo, naturalmente, os seus valores e o reproduzimos como se o mundo, de fato, é e sempre fora assim.
Esse mundo chamamos de naturalmente verdadeiro, já que parece ter uma ordem e nele as nossas escolhas práticas funcionam - o que foi bom para o meu amigo é bom para mim também: Quando
Teresa diz que está com dor de cabeça, sem pestanejar, aceita qualquer remédio oferecido por qualquer de suas amigas - se funciona para ela, funciona para mim.
Assim, ingenuamente e de maneira acrítica, não perguntamos como, por quê, para quê e o quê as coisas são, apenas reproduzimos as certezas culturais, pois somos movidos por crenças que acabam por nos determinar. Somos produto e reprodutor