Dislexia
A concepção científica da leitura deficiente predominante nos dias atuais é, portanto, uma concepção em termos de déficit no processamento fonológico (Wagner e Torgesen, 1987; Torgesen, Wagner e Rashote, 1994; Morais, 1996; Beitchman e Young, 1997). Essa mudança de foco teórico teve importantes implicações para as abordagens terapêuticas com sujeitos disléxicos.
Há concordância na literatura de que grande parte das dificuldades com as quais as crianças disléxicas se deparam ocorre no âmbito da palavra individual, em particular na aquisição de habilidades automáticas de reconhecimento de palavras, o que altera a leitura fluente (Lovett et al., citados por Byrne, 1998). Por isso, crianças com dificuldades de leitura são mais dependentes do contexto do material lido. Essa dependência pode ser, em parte, um modo de compensar habilidades menos proficientes de reconhecimento de palavras (Perfetti, 1992).
O estabelecimento de déficits cognitivos comuns aos indivíduos disléxicos torna-se difícil em função de a dislexia de desenvolvimento não ser uma entidade única, mas apresentar-se sob várias formas (dislexias fonológicas, dislexias de superfície). Os déficits subjacentes à dislexia fonológica parecem estar relacionados aos baixos níveis de consciência fonológica, mas pouco se sabe a respeito do que faz com que uma criança não