Direção: dê ré; - ação!
Mas estou resfriado e ele tá vindo com neblina.
O vento sopra o meu favor...
Mas ele tá bagunçando todo o meu cabelo.
O vento sopra a meu favor...
E olha só, acaba de levar o mapa que eu estava seguindo.
O vento sopra a meu favor.
Hm, agora ele tá trazendo fumaça e, droga!, é de cigarro.
Uma constante: o sopro. Outra: sofro.
Já percebi que estou na direção errada. Mas isso não é poético. Se eu admitir, vai destruir a estrutura do texto e não foi pra isso que ele foi escrito. É pra ser muito bem estruturado, não sincero. Alguém pode não gostar, de verdade. E eu culparei o vento, de novo.
Se não se importa consigo, faça isso pelo vento.
Sopre a seu favor.
.:bloco de carnaval transcrito num bloco de notas:.
Me surge uma mão com sangue.
Não havia nenhuma vontade em marcar o trajeto. Nem desejo de volta. Ainda assim, como se fossem as migalhas do conto de João e Maria, o percurso era notável. E não era pão que caía. Era paz. Em cada gota de sangue, uma gota de esperança. A coragem havia sido derramada no chão. Tingia a rua de vermelho. Aos poucos, a dor ofuscava a cor. Abre alas pro carnaval dolorido. De máscaras de compaixão.
Dos olhos, lágrimas. Do coração, o grito. Da sombra, a voz. "Olhem o que vocês fizeram, olhem o que vocês fizeram!" Mas eu não fiz nada - pensei. E aí está meu erro: eu devo fazer. Mesmo que isso me suje uma mão com sangue.
Prazer em vê-lo(pe).
Acordei e você estava lá, inviolada.
Você sempre chega assim, sem avisar.
Mas não demora a me arrancar um sorriso.
Te abri.
E, desta vez, o que trouxe pra mim?
De início, a saudação, claro.
Ainda bobo, percorri, com meus olhos curiosos, seu corpo.
Que delicioso afago.
Você caprichou desta vez.
Até percebo seu a-b-r-a-ç-o mais longo.
E eu, tonto, começo a te sentir.
Quanta saudade.