Direitos reprodutivos das mulheres

Direitos Reprodutivos das mulheres

Na construção da identidade feminina, são históricos os investimentos em se atribuir às mulheres um modelo de feminilidade centrado em sua capacidade reprodutiva. Ao longo dos anos, às mulheres tem sido relegada a naturalização da procriação como atributo da “verdadeira” mulher onde a maternidade figura como um destino. Esse é um componente do discurso hegemônico das instituições sociais na direção de disciplinar os corpos e na tentativa de moldar as representações do feminino e a auto- representação das mulheres em torno do ser mãe. A capacidade de procriar a espécie é propagada como uma especificidade feminina e como tal não pode ser capaz de definir a totalidade do ser mulher. Essa visão naturalizada da maternidade mostra-se dúbia e excludente na medida na medida em que, por um lado, é considerada uma dádiva e, por outro, torna-se uma fatalidade por desqualificar o grande número de mulheres que não desejam ou não podem ser mães. Assim, a maternidade é propagada como lugar da mulher, definida socialmente pelo determinismo biológico representado pela posse de um útero, uma parte do corpo da mulher com potencial para a plenitude da inserção social feminina e cujo destino único se materializa na maternidade. Dessa forma é que o corpo das mulheres sofre apropriação social e configura-se como espaço de exercício do poder que tem na heterossexualidade compulsória um forte mecanismo de controle, que normatiza a construção identitária em torno do sexismo. A desconstrução dessa imagem do que é ser mulher não é tarefa das mais fáceis. Mesmo na atualidade essas convicções deterministas permanecem no imaginário social e, de maneira imperceptível, a imagem da mulher enquanto o Outro do verdadeiro sujeito (o masculino) continua a ser propagada com status de inferioridade. Dessa forma é que a condição de opressão das mulheres se perpetua mesmo no mundo globalizado, com todas as formas de discriminação e violência existentes apesar