Devemos ou não alfabetizar na Educação Infantil?
Na pressa de alfabetizar as crianças, os processos fundamentais para o desenvolvimento infantil são muitas vezes ignorados. Assim, o tempo de brincar é tido como improdutivo. Só se considera educação o que tem planejamento rígido e avaliação sistemática. Essa concepção, ainda presente, não leva em conta o que a literatura ensina sobre como as crianças constroem saberes e o que mostra a história educacional do nosso país.
Atualmente, há várias questões sobre as diferentes concepções de alfabetização em circulação no meio educacional. Inicialmente, precisamos levar em consideração as ideias de “prontidão” ou “preparação” para a alfabetização que atravessam o currículo dessa etapa do ensino, levando, muitas vezes, a um debate no mínimo mal colocado: “Devemos ou não alfabetizar na educação infantil?”. Para responder a esta pergunta é preciso, primeiramente, pensar de que concepção (ou concepções) de alfabetização – e produção de conhecimentos – partimos.
Podemos compreender a alfabetização como um processo de aquisição permanente e de reflexão contínua sobre a escrita em todos os seus aspectos sintáxicos, semânticos, culturais, sociais, etc. Esse processo se inicia com a entrada da criança em uma rede comunicativa que a educa para pensar e falar a partir de certa estrutura linguística em que se compartilham sentidos e conceitos. Nesse contexto, a escrita é uma das muitas outras formas de representação possíveis.
Assim, a “nossa” alfabetização é um processo que se inicia ao nascermos e se constrói infinitamente ao longo da nossa vida, à medida que nos apropriamos cada vez mais de recursos e possibilidades enunciativas, de conceitos/palavras e outros significados para o que conhecemos. Se, no entanto, compreendemos a alfabetização como um treino mecânico de letras e palavras em uma correlação artificial com determinados sons, então faz sentido que ela tenha uma idade