educação infantil
Abril 2010
Alfabetizar letrando: um caminho sem volta
“O bom ensino é aquele que se adianta ao desenvolvimento”.
L.S. Vygotsky
Devemos alfabetizar antes dos seis anos?
Não é prejudicial ao desenvolvimento da criança introduzi-la muito cedo no mundo da escrita?
Quando devemos iniciar o processo de alfabetização?
Depende de como concebemos a alfabetização.
Se o conceito que temos é aquele no qual a alfabetização é tomada como a aquisição do código escrito, cujo princípio norteador está vinculado à concepção estruturalista de linguagem e à concepção inatista e/ou ambientalista de aprendizagem, a resposta a esses quesitos, obviamente, seria não, pois antes dos seis anos as estruturas mentais do indivíduo não possibilitariam a ele a apropriação significativa das estruturas escritas da linguagem. Em outras palavras, as crianças, em função de seu desenvolvimento cronológico, não teriam maturidade suficiente para aprender operações tão complexas.
Se, em vez disso, entendemos a alfabetização como aquisição da língua escrita, a resposta óbvia seria sim. Desde o nascimento! Essa seria a resposta mais coerente com a concepção sócio-histórica de linguagem e aprendizagem que temos estudado e defendido.
Se nossas crianças nascem em uma comunidade letrada, desde seus primeiros contatos (sistemáticos ou não) com a escrita já estão sendo alfabetizadas e as noções adquiridas sobre a escrita contribuem para que ela elabore conceitos fundamentais para a leiturização, tais como para que serve a escrita, o que a escrita representa e onde podemos utilizá-la.
No entanto, conceber a aquisição da escrita por essa via pressupõe o estabelecimento de uma definição do termo alfabetização, aqui empregado como sinônimo de letramento, e não somente como aquisição do código gráfico.
Na acepção aqui abordada, o termo alfabetização é tomado como a aquisição da língua escrita, sendo, por esse motivo, a apropriação escrita de uma unidade de sentido da