Desemprego Estrutural
Apresentação
Em apertadíssima síntese, a lógica de acumulação do capital foi descrita por Marx por meio da fórmula D – M – D’, segundo a qual determinada quantidade de dinheiro é investida nos meios produtivos e no pagamento da força de trabalho, os quais serão mobilizados com o fito de produzir mercadoria, a ser vendida no mercado, apurando-se, no término do ciclo, mais dinheiro do que o inicialmente gasto. Esse excedente, por sua vez, será reinvestido em mais mercadorias e, por conseguinte, será obtido mais dinheiro ainda, num movimento incessante e repetitivo no qual o dinheiro é utilizado com o escopo de engendrar, ao final da operação, si próprio, mas numa quantidade maior, sendo, por isso, chamado de movimento tautológico de valorização do valor.
O lucro auferido só foi possível porque o trabalho, ao incidir sobre a matéria-prima por intermédio das máquinas, transforma a natureza e cria algum objeto útil que será disponibilizado no mercado, quando, então, passará a ter valor de troca. Essa é a lógica fundamental do sistema produtor de mercadorias.
Contudo, é relevante salientar que o trabalho humano e a criação de objetos úteis, embora imprescindíveis, desempenham apenas papéis secundários em todo esse processo, sujeitando-se ao objetivo maior de que o dinheiro inicialmente investido seja revertido em maior quantidade de dinheiro. Assim, se, para alcançar mais lucro, for preciso reduzir o número de empregados e intensificar o trabalho dos remanescentes, assim será feito, e tem sido feito.
A partir do final da década de 1970, assistiu-se ao início de um novo surto de produtividade, provocado por uma série de reestruturações na produção e pelo desenvolvimento de novas tecnologias. O advento da microeletrônica, da robótica e de diversas outras formas de automação permitiu produzir a uma escala fenomenal, reduzindo, por consequência, o preço do produto unitário.
Todavia, tão significativa foi a racionalização empreendida que