democracia e pensamento
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CASSIANO ELEK MACHADO
DE SÃO PAULO Segundo os cálculos do professor de filosofia Marcos Nobre, 48, nos últimos dez dias ele dormiu um total de 40 horas. No resto do tempo, ele escreveu um livro.
"Choque de Democracia" é a primeira obra publicada sobre o que ele chama de "as revoltas de junho", os movimentos de rua que continuam acontecendo pelo país.
O trabalho inaugura um novo gênero editorial no país. Aquilo que os americanos chamam de "instant books", livros feitos em tempo recorde para tratar de um fato de grande destaque na sociedade, já existia, mas o trabalho de Nobre abre a série dos "instant e-books".
A obra sairá só em formato eletrônico, à venda nas principais livrarias virtuais, como Amazon, Kobo e Apple Store, a partir de hoje.
Ela inaugura o selo de "instant e-books" (obras sobre temas "do momento", lançados só em versão eletrônica) da editora Companhia das Letras, o Breve Companhia.
"Choque de Democracia" é, como ilustra seu subtítulo, "Razões da Revolta", um ensaio que analisa como a história política recente do país levou, ou ajudou a levar, aos protestos recentes.
Um dos termos centrais do texto, que tem extensão de 35 páginas, é "pemedebismo", conceito cunhado por Nobre há alguns anos.
Embora a palavra, que se refere ao arranjo institucional para a manutenção do poder, tenha sido batizada em homenagem ao PMDB, pioneiro dessa cultura política, ela é aplicável a qualquer partido.
É esse, por sinal, um dos grandes problemas do país na visão do autor.
ATÔNITO
Nobre, professor da Unicamp e pesquisador do centro de estudos Cebrap, defende que é contra o "pemedebismo" que se articularam as manifestações de rua.
Não à toa, o sistema político ficou, nas palavras dele, "atônito" com os protestos. "Não entendeu nem podia entender o que acontecia. Ao longo de 20 anos, esse sistema cuidou tão bem de se blindar contra a força das