Teoria(s) da Democracia: o distanciar do “mito” clássico e os recentes pensamentos sobre a democracia.
Marcus Barbosa Soares Junior
Participação e teoria democrática (Paz e Terra, 1992) da teórica política Carole Pateman traz em seu primeiro capítulo uma análise sobre as principais idéias de autores da teoria democrática contemporânea, considerando a visão que têm sobre a participação da população na gestão política e revelando o “mito” da teoria clássica.
A autora parte do status adquirido pelo vocábulo participação e a questão que esse levanta para a teoria política na década de 1960 para então enunciar o surgimento e os aspectos do que se pode entender como uma teoria democrática contemporânea.
Enquanto a ideia de participação se tornava tão popular, a teoria da democracia mais aceita era justamente a que reduzia o papel desse conceito. Para os teóricos e sociólogos da política a ampla participação popular se mostrava perigosa, geradora de instabilidade. As teorias democráticas atuais enfatizam os perigos trazidos pela ampla participação popular, além de questionar a viabilidade de se colocar a democracia, enquanto governo do povo por meio da máxima participação do povo, em prática. Isso se apresenta como resultado do desenvolvimento da sociologia política e da emergência de Estados totalitários. O colapso da República de Weimar, que apresentava altas taxas de participação das massas realça essa tendência de se relacionar "participação" com "totalitarismo" mais do que com "democracia". Somam-se a isso os dados obtidos pela sociologia política que aponta nos cidadãos (e aqui se faz necessário, para melhor compreensão do texto mais a frente, que seja lido cidadãos com menores condições financeiras) uma falta de interesse generalizada em política e por atividades relacionadas a tal área. Constata-se ainda que vigora muitas atitudes não-democráticas entre os grupos sociais de menor condição financeira. A participação política ativa das massas é, então, uma