Defesa universalista
O caso verídico das gêmeas iranianas, mantidas em cárcere privado e em condições subumanas pelos próprios pais, durante 11 anos, foi internacionalmente noticiado e documentado através do filme “Sib” (Maçã). O drama vivido pela família, sob o olhar Antropológico, se constitui como um caso de confronto ideológico e põe sob análise a defesa do universalismo dos Direitos Humanos em oposição ao relativismo cultural.
Os universalistas admitem a contextualização cultural inerente aos povos e a reconhece como uma característica fundamental para a formação da identidade individual do cidadão. Entretanto, tal contextualização não deve se configurar como elemento superior à identidade primária de todo e qualquer ser, que é a condição humana.
A questão central aqui, diz respeito à violação dos direitos da criança, uma vez que se trata de uma ação de negligência dos pais, os quais deviam ser os tutores e principais defensores da liberdade e da dignidade das filhas. O fator que contribui para a condição das gêmeas, e torna a situação ainda mais complexa é o fato de agregar motivações pautadas na cultura iraniana, onde questões sobre religião e gênero são marcas fortes e profundas, praticamente enraizadas nos cidadãos.
A Declaração dos Direitos da Criança, promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1959, afirma, entre outras coisas, que “a criança deve gozar de proteção especial e beneficiar de oportunidades e facilidades para desenvolver-se de maneira sadia e em condições de liberdade e dignidade”.
As gêmeas, por viverem trancadas dentro de casa durante 11 anos, não conseguiram desenvolver-se intelectualmente nem motoramente. Privadas de todo e qualquer tipo de contato e convívio social, elas sequer desenvolveram a falar, comunicavam-se através de grunhidos e balbuciam poucas palavras.
Os fatos evidenciados através da mídia e narrados através do filme demonstram o papel decisivo que os vizinhos,